Renato Aragão lembra acidente aéreo em que quase morreu: 'Vivi um cenário de horror'

Remexer no baú da vida é, ao mesmo tempo, alegre e muito doloroso para Renato Aragão. Um dos momentos difíceis dele revisitar é o acidente de avião (num voo de Recife para Fortaleza) que sofreu quando estava na universidade de Direito, em 1958. — Ainda sinto no peito a dor do impacto. Nunca contei para o público. Vivi um cenário de horror — diz o artista, que na ocasião viu muitos corpos e pessoas feridas.

E essa não foi a primeira vez em que Renato viu a morte de perto. Apesar de não lembrar — ele apenas ouviu relatos dos irmãos mais velhos —, o trapalhão se emociona ao contar que quase partiu nos primeiros anos de vida: — Sou caçula de oito irmãos. Antes de mim, minha mãe teve um Renato, que morreu. Quando nasci, ganhei o mesmo nome. E quase fui também. Tive difteria, ao 3 anos. Minha tia me deu uma lavagem intestinal que me salvou. No dia seguinte, estava pulando igual a boneco de mola. Todos ficaram aliviados porque eu sobrevivi.
Mas, segundo o humorista, ele pagou um preço alto por ter escapado: — Por conta desse episódio, minhas irmãs fizeram uma promessa para eu pagar: só podia cortar o cabelo quando fizesse 7 anos. Imagine o bullying que eu sofri lá em Sobral, com aquele cabelão cacheado... (risos).
Ao mesmo tempo, o trapalhão, que escreveu o nome na história do humor nacional, também viveu realizações incríveis. Ter no currículo 50 filmes é uma delas. O feito faz os olhos de Renato brilharem, e seu discurso ganha um ar de satisfação além do habitual.

— Meus longas são minha felicidade. Para q.uem sempre teve Oscarito como inspiração, fazer cinema era meu sonho. Vim para o Rio em 1964, contratado pela TV Tupi. Um ano depois, estava estrelando meu primeiro filme, “Na onda do iê iê iê”. Pensei: “Já fiz um, pronto, estou realizado, posso voltar ao Ceará”. Que nada! Mal sabia eu que seria o primeiro de muitos.
Fonte: Extra