Em 1980, no auge do sucesso na TV, Renato Aragão falou a VEJA quais os seus comediantes prediletos e o que aprendeu com eles. Confira abaixo trecho da entrevista publicada nas páginas amarelas de VEJA de 4 de junho de 1980.
VEJA - Como você descobriu que era engraçado?
RENATO ARAGÃO - Imitando oficiais na época do serviço militar. Minha estreia foi num acampamento, um anfiteatro numa duna de areia, em 1955. Mas em Fortaleza artista era marginal ou bicha. Não podia dizer que eu queria ser artista, nem para a família nem para os colegas.
E antes disso?
Antes eu lia tudo sobre Charles Chaplin. Tenho até o livro do Georges Sadoul, em francês. Via todos os filmes dele, que hoje tenho em videocassete. Mas foi o Oscarito que me despertou, com os filmes ‘Carnaval no Fogo’ e ‘Aviso aos Navegantes’.
O Chaplin era cômico?
Era. Ele não falava, não dialogava com ninguém. Ele se cercava de uma série de objetos, de obstáculos, de atores maiores que ele. Chaplin não usava nenhum ator mais baixo que ele, todos tinham quase o dobro da altura pra reforçar aquela humilhação. Se botasse o Carlitos para contar piada, talvez ele não soubesse.
Além do Chaplin, há outras preferências entre os antigos?
Gosto do Gordo e Magro e do Jerry Lewis. Não acompanhei os Irmãos Marx. Os Três Patetas eu detesto: não é humor, é agressão, mau exemplo.
Em matéria de humorismo, as crianças não têm muitas opções.
O Chico Anísio diz que o humorista é uma espécie em extinção. Quando comecei havia quarenta cômicos, hoje há seis. Os redatores estão morrendo e não aparecem novos. Eu tenho vantagem porque faço humor pra criança e todo dia nasce menino. O Chico pergunta de que vão rir os nossos netos.
Quais são os seis?
Eu, Chico Anísio, Jô Soares, Agildo, Costinha e Golias.
Quem você prefere?
Chico e Golias. Chico é hors-concours, um gênio. Agildo e Jô são humoristas. O Golias é cômico, se assemelha muito ao meu humor. Aprendi muita coisa com ele. O Costinha é mais apelativo: trabalhar de graça numa boate só para dizer sacanagem.





