Mauro Faccio Gonçalves nasceu em 18 de janeiro de 1934, em Sete Lagoas, cidade do interior de Minas Gerais, em uma família humilde com onze irmãos. Mauro estudou no Colégio Diocesano Dom Silvério de Sete Lagoas, foi vendedor de sapatos e trabalhou em uma fábrica de café, onde seu pai já trabalhava.
Começou a carreira no rádio em 1955, na Rádio Cultura de Sete Lagoas, num programa humorístico chamado "Em Babozal Era Assim". No ano seguinte, formou-se técnico em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio de Sete Lagoas.
Através do humor, logo tornou-se conhecido pela habilidade de trocar de vozes, criando vários tipos completamente diferentes, e de imitar animais com rara perfeição.
Mudou-se para Belo Horizonte em 1957, onde tentou estudar Arquitetura, trabalhando ao mesmo tempo como bancário. Porém, dificuldades financeiras o impediram de iniciar o curso. Mauro trabalhou na Rádio Inconfidência, fazendo três programas, sendo que o mais marcante foi o Arte Final. Foi considerado o melhor comediante do rádio de 1960 a 1963. Fez sua estreia na televisão na TV Itacolomi, no programa Tribunal de Calouros.
Em 1963, recebeu uma proposta para trabalhar na TV Excelsior do Rio de Janeiro, a convite de Wilton Franco. Apesar da timidez - que inicialmente o impedia de trabalhar na televisão - Mauro estreou em um programa de calouros, onde criou cinco personagens.
Foi premiado pela sua interpretação na peça "A Dama do Camarote", em 1970. Dois anos depois, Mauro participou do programa "Café sem Conserto", onde criou o Garçom Moranguinho, personagem inspirado num morador de sua terra natal. Moranguinho tinha as características de Zacarias, usando peruca e dentes pintados. Esse tipo chamou a atenção de Renato Aragão que o convidou para ser efetivado no grupo de "Os Trapalhões", na Tv Tupi.
Mauro foi o último a integrar o grupo, do qual já faziam parte Didi, Dedé e Mussum, completando assim a formação do quarteto em 1974. Além do personagem Zacarias, o ator também era a voz que interagia com o personagem Aparício, interpretado por Renato Aragão. Ele ainda participou de três filmes fora dos Trapalhões, sendo eles "Tô na tua, Ô bicho" (1971), "O fraco do sexo forte" (1973) e “Deu a louca nas mulheres” (1977). Este último, Zacarias era o personagem principal do longa. Mas seus grandes sucessos vieram mesmo junto ao grupo infantil no cinema, na televisão, e em licenciamentos de diversos produtos nos anos 1980.
Em 1983, Zacarias, Mussum e Dedé se separam de Renato Aragão, devido a problemas financeiros no grupo. O trio montou a produtora DEMUZA e filmou "Atrapalhando a Suate". Posteriormente, essa produtora faliu por conta de desfalques financeiros feitos por alguns funcionários, que desviaram dinheiro e emitiam notas fiscais falsas. Os prejuízos ficaram para Mauro e seus dois companheiros de Trapalhões, que tiveram que se desfazer de vários bens materiais, como casas, fazendas e carros para saldar a dívida.
Ainda em 1983, Zacarias lança seu segundo LP solo direcionado ao público infantil. Com músicas educativas, o disco foi um grande sucesso junto à garotada. Alguns anos antes, em 1975, ele já tinha lançado um LP, com piadas mais adultas, em parceria com a comediante Lucrécia.
Zacarias faleceu em 18 de março de 1990, aos 56 anos, no Rio de Janeiro. O boletim médico liberado para a imprensa pela Clínica São Vicente, diz que o ator teve insuficiência respiratória em consequência de uma infecção pulmonar. O enfraquecimento de seu sistema imunológico se deu por conta de um regime feito por conta própria. Mauro começou a tomar remédios e substituir suas refeições tradicionais por frutas e verduras para emagrecer rapidamente.
Seu corpo foi embalsamado e levado para Sete Lagoas, onde foi sepultado. Seu falecimento chocou muitas crianças, já que na época ele estava em plena atividade. Sem falar em seus companheiros Mussum, Renato Aragão e Dedé Santana, que compareceram ao velório emocionadíssimos.
Renato declarou que seu filho caçula havia morrido e que Zacarias nunca havia crescido, pois o considerava como um menino, emocionado e chorando aos prantos, no caixão. Seu último filme foi Uma Escola Atrapalhada, lançado poucos meses após a sua morte.